Dados do Trabalho
Título
CARACTERIZAÇÃO DO SARCOMA DE KAPOSI EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL: SÉRIE DE 9 CASOS
Resumo (não incluir autores, nem referências, somente o corpo do resumo)
INTRODUÇÃO:
O Sarcoma de Kaposi (SK) é uma neoplasia vascular maligna, causada pelo herpesvírus humano tipo 8 (HHV-8). É caracterizado pela presença de máculas a nódulos violáceos indolores em tecidos cutâneos, subcutâneos e mucosos.
O SK é considerado uma neoplasia oportunista em contextos de imunossupressão (IS), como no caso de receptores de transplante renal (RTR). A incidência entre RTR varia de 0,2 a 5%, sendo até 500 vezes maior que na população em geral. O SK pode seguir um curso agressivo e desfavorável em alguns pacientes. O reconhecimento precoce e o manejo adequado dessa condição podem ter um impacto significante no prognóstico dos RTR.
OBJETIVO:
Descrever características epidemiológicas, clínicas, terapêuticas e evolutivas de RTR com diagnóstico de SK.
CASUÍSTICA:
Total de 9 pacientes acompanhados em centro único no período de 2008 a 2024.
MÉTODO:
Estudo descritivo realizado a partir da coleta de dados em prontuários eletrônicos.
RESULTADOS:
Os dados (Tabela 1) dos 9 pacientes mostram idade média de 56,7 anos (33–75 anos), 77,8% de homens (n=7) e maioria com fototipo de pele maior ou igual a III (n=7; 77,8%). A principal causa da doença renal crônica foi hipertensão arterial sistêmica (HAS) (n=6; 66,7%). O tempo médio de diálise foi de 49,2 meses (29–96 meses) e todos os pacientes receberam transplante renal de doador falecido. O tempo médio desde o transplante até o diagnóstico de SK foi de 26 meses (6–101 meses). O regime de IS predominante (n=7; 77,8%), antes do diagnóstico de SK, era de tacrolimo, com micofenolato de sódio e prednisona. HAS (n=9; 100%) foi a principal comorbidade encontrada.
Os resultados (Tabela 2) indicam que a maioria dos pacientes apresentou manifestações tegumentares (n=5; 55,6%) de SK, com múltiplas lesões (n=7; 77,8%). As lesões estavam predominantemente localizadas em membros inferiores (MMII) em 88,9% dos casos (n=8), sendo as máculas e pápulas os tipos mais comuns (Figura 1). Dos pacientes analisados, 4 apresentaram acometimento de outros órgãos (44,4%), com o estômago mais frequentemente envolvido.
O SK foi diagnosticado em todos os pacientes por meio do exame anatomopatológico (AP), com confirmação da infecção por HHV-8 através do exame imuno-histoquímico (IHQ) (Figura 2).
A redução da IS foi uma abordagem terapêutica comum a todos os pacientes. A conversão da IS para inibidores de mammalian target of rapamycin (mTORi) foi realizada em 55,6% dos casos (n=5), enquanto a quimioterapia foi utilizada em 33,3% (n=3).
A evolução dos pacientes variou: 3 evoluíram para óbito (33,3%), perdeu-se o seguimento em 3 casos (33,3%) e 3 continuam em seguimento clínico (33,3%).
CONCLUSÕES:
O estudo revela que o SK em RTR apresenta uma clínica variada e desafios significantes em termos de tratamento e prognóstico. A identificação precoce e a adaptação terapêutica, incluindo a redução da IS e a introdução de mTORi, são essenciais para melhorar os desfechos clínicos e a sobrevida desses pacientes.
Palavras Chave
Sarcoma de Kaposi; Transplante renal; Imunossupressão
Área
Miscelânea
Instituições
Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
JULIANA DE SOUZA GOMES, JOÃO VITOR BUENO PEIXOTO, MILVIA MARIA SIMÕES E SILVA ENOKIHARA, MARÍLIA MARUFUJI OGAWA, HERON FERNANDO DE SOUSA GONZAGA, JANE TOMIMORI