Dados do Trabalho
Título
Relato de Caso: Hidroadenocarcinoma de couro cabeludo com recidiva em linfonodos cervicais tratado com o imunoterápico Pembrolizumabe
Resumo (não incluir autores, nem referências, somente o corpo do resumo)
Introdução: O hidradenocarcinoma (HC) é um tumor anexial maligno das glândulas sudoríparas, que raramente ocorre no couro cabeludo. O HC possui prognóstico desfavorável devido à alta taxa de recorrência e metástase. Não há consenso na literatura a respeito de seu tratamento, dado a inexistência de ensaios clínicos randomizados e predominância de estudos descritivos e observacionais. A cirurgia de Mohs e a radioterapia adjuvante são consideradas o padrão terapêutico. Opções em casos avançados são a quimioterapia e a imunoterapia com o agente anti-PD1 Pembrolizumabe, de uso off label.
Apresentação do Caso:
Homem de 59 anos, em agosto de 2020, foi submetido à biópsia incisional de pápula normocrômica no couro cabeludo. O laudo anatomopatológico foi de carcinoma pouco diferenciado com infiltração na derme. No mês seguinte, o paciente passou por cirurgia de Mohs para ressecção tumoral, sendo constatadas margens cirúrgicas livres após o segundo estágio. O debulking tumoral da cirurgia de Mohs foi submetido ao exame imuno-histoquímico, que sugeriu ser hidradenocarcinoma. A mudança de diagnóstico é comum, devido à doença ser de difícil diagnóstico diferencial. O HC compartilha características histopatológicas com outras lesões e não possui marcadores imuno-histoquímicos específicos, apenas sugestivos. Paciente foi então submetido a radioterapia adjuvante no couro cabeludo na dose de 45Gy.
Após um ano, PET CT revelou captação em linfonodo de cadeia jugular interna direita, do nível IIb. A PAAF deste linfonodo foi positiva para carcinoma espinocelular. Foi feito esvaziamento cervical direito. Ademais, durante um mês o paciente realizou radioterapia em drenagem cervical e leito tumoral. Após esse processo, foi realizado PET CT, no qual o linfonodo cervical direito não foi mais caracterizado. Entretanto, foi constatada recidiva tumoral com acometimento do linfonodo cervical de nível IIb da cadeia jugular interna esquerda, com aumento de suas dimensões. Houve aumento do metabolismo glicolítico na periferia linfonodal inferior, em íntimo contato com a musculatura esternocleidomastoidea homolateral. Já na região central, havia liquefação e necrose.
O Oncofoco Ampliado revelou TMB alto (194,7 Muts/Mb), favorecendo tratamento com inibidor de checkpoint imunológico. O exame identificou 3 variantes patogênicas: TP53, RBM10 e CALR.
Após dois meses do PET CT, ressonância magnética caracterizou aumento do linfonodo cervical esquerdo, que passou a deslocar súpero lateralmente a parótida esquerda.
Em novembro de 2022, foi iniciada imunoterapia com Pembrolizumabe 200 mg a cada 21 dias. Foi previsto seu uso por 2 anos. Exames de imagem de 2023 sugeriram boa resposta terapêutica, havendo desaparecimento do linfonodo cervical e ausência de metástases à distância.
Conclusão: O Pembrolizumabe, de evidência nível A, mostra boa resposta terapêutica em neoplasias metastáticas com TMB elevado. A realização de estudos experimentais é necessária.
Sem financiamento e conflitos de interesse
Área
Casos clínicos
Instituições
Faculdade de Medicina de Jundiaí - São Paulo - Brasil
Autores
RAFAELA CORREIA MACIEL, LUISA BRAGA SALLES MACHADO, STELA SCAVACINI, ALINE PATERNO MIAZAKI, ANDRÉ LUIZ SIMIÃO, MARCELLO FERRETTI FANELLI